Para-me! Gritocão

Este blog é um convite. Adentrem. Passando pela ombreira da linguagem, chegando ao que chamaremos de livro. Tirem os sapatos, fiquem à vontade, não há ninguém em casa. Apenas mantenham as janelas abertas para dar vasão.
PARA-ME [GRITOCÃO]

quinta-feira, 15 de março de 2012

Jamais sair dessa roda gigante mas
trocar de carrinho como a mente troca
de sonho, posto que está  na ficção do sono, mas
há também numa parte de ser
do sono onde o corpo ocupa o lugar do sonho e
o espírito torna-se invisivelmente
e a carne passa à ficção como se
a morte fosse, e sendo assim, a maravilha.

Eu tratarei meu corpo como uma obra
para que reste
como testemunha, as leviandades
da beleza intocada que dorme

como na morte que tem na sua
linguagem própria o assustador
silêncio das auroras
boreais.

E se me pre-ocupo
devolvo-te palavras

a brincar, a brincar, a brincar:

quero figos azulados enaltecendo
o marfim do ventre
quero a África
a luz negra sobre e apenas sobre
a cegueira solar
e quero o
           ----    direito
des-perso analizado das palavras

e mesmo que com isso caia sobre
nossas cabeças e caia sobre apenas
caia sobre, insistentemente como
existir, pois esta é a preguiça das coisas:
vão existindo, havendo, qualquer objeto
sobre outro objeto sobre outro sobre
as palavras estendidas que cairão
sobre nossos sexos inquietados

essas gentes
cegas

a ignorar a única ficção

o homem.

Nunca mais parar de pensar

Nunca mais parar de pensar