falaram, falaram, falaram tanto que
- esse é o inferno do homem.
sinto dores como se crescessem
membros internos, braços despontando
mãos que passeiam entre meus órgãos
e brota água na caverna da alma
como uma mina-nada
cristalina mas propulsora e
isso há de ser deus, um troço
sem direção, cego, com o sexo afloradíssimo,
na expansão onde
todo corpo chora sem sentimento,
toda gente excrementa involuntariamente
como se falasse, falasse, falhasse
falasse, eu falo
a lua é a linguagem do sol
e não é nada, porque as pessoas a tomam
para si, mas ninguém toca na solidão
da lua, nem na solidão do sexos, nem no interminável
trabalho sujo de deus nas coisas, no vento
que não repousa, incansável, nisso
que brota de dentro sem pensamento, sem
dizer, como um sonho de um verme incrustado e
fixo na carne na promessa inofensiva, mas a doença está
na ficção do verme em acreditar ser toda a vaca e
isso interrompe a vaca, desassossegada
como
as palavras que interrompem o homem
que fala,
mas que não tocará nunca
na beleza do primeiro sonho
porque ele é a carne incrustada no verme,
porque a doença de deus não tem fim.
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