Tomo ódio pelas palavras a partir
de então:
esse artifício amoral que escorre
vulgar pelas bocas noturnas noutras bocas,
ouvidos, pelo corpo deslizadamente
gozoso
Tenho ódio dessas palavras tão
sem personalidade que transitaram entre
nossos líquidos, os ossos laterias, as cavidades
úmidas denominadamente pelos
dizeres infiéis
Tenho ódio das palavras e
minha maior tristeza é tê-las, e
somente a elas para
isso
Posto que ao homem tudo
é destinado, amor
Tudo, e nada se ama, pois
há o impenetrável das coisas, uma
alucinada melancolia em se ver fotografado e
dizer: isso é vida, isso não
Tenho ódio. Ódio pela
madrugada adentro:
Ó dio!
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